Antidepressivos viciam?
- macarriello
- 4 de nov. de 2022
- 2 min de leitura
O tratamento farmacológico da depressão se baseia no uso de medicamentos denominados antidepressivos. Existem muitos antidepressivos disponíveis no mercado e eles não são uma classe única. Cada medicação tem características próprias como: tempo de absorção, tempo para resposta terapêutica e mecanismos de ação diferentes, e podem causar efeitos colaterais distintos. Pacientes que fazem uso destas medicações tem o direito de perguntar ao médico assistente sobre possíveis riscos à saúde e efeitos colaterais, por exemplo: sedação, ganho de peso, náuseas, tontura, etc.
A respeito do título do texto (antidepressivos viciam?), primeiro precisamos compreender – o que é o vício? Uma das definições do dicionário online Michaelis (pode ser visto em http://michaelis.uol.com.br): dependência de uma ou mais de uma droga estupefaciente ou de bebida alcóolica, levando a um consumo geralmente incontrolável. Já o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais Versão 5 (DSM5) – usado para o diagnóstico em psiquiatria cita 11 critérios para dependência:
1 - uso em quantidades maiores ou por mais tempo que o planejado
2 - desejo persistente ou incapacidade de controlar o desejo
3 - gasto importante de tempo em atividades para obter a substância
4 - fissura importante
5 - deixar de desempenhar atividades sociais, ocupacionais ou familiares devido ao uso
6 - continuar o uso apesar de apresentar problemas sociais ou interpessoais
7 - restrição do repertório de vida em função do uso
8 - manutenção do uso apesar de prejuízos físicos
9 - uso em situações de exposição a risco
10 - tolerância
11 - abstinência
Para o diagnóstico de dependência são necessário no mínimo que 2 critério sejam preenchidos em um período de um ano.
Assim ficou mais fácil, né? Podemos afirmar que antidepressivos em geral não causam dependência. A retirada abrupta (deixar de tomar a medicação de uma hora para outra) de alguns tipos de antidepressivo pode desencadear sintomas de mal estar como: diminuição de atenção, dor de cabeça, insônia, ansiedade, dor no corpo, porém esses não são sintomas de abstinência e sim de descontinuação da medicação. Esta situação pode muitas vezes ser evitada com a retirada lenta e gradual da medicação. Durante o tratamento com antidepressivo pode ser necessário em algum momento o aumento da dose da medicação para o controle dos sintomas, porém essa mudança na dose não deve ser confundida com o conceito de tolerância. Cada paciente tem um plano terapêutico único e em conjunto com o seu médico você deve participar da formulação deste plano de tratamento. A retirada do antidepressivo antes do tempo proposto pode muitas vezes levar a uma nova piora dos sintomas da depressão, levando a sofrimento e perda da funcionalidade.
Uma classe de psicotrópicos que reconhecidamente pode causar dependência são os benzodiazepínicos (por exemplo: alprazolam, bromazepam, clonazepam, cloxazolam, diazepam), porém estas medicações não são antidepressivos. São remédios que ajudam no sono, na ansiedade, e são muito seguras para o uso pontual. Benzodiazepínicos não devem ser usados por muito tempo, devido ao risco de dependência (tolerância, aumento gradual da dose, sintomas de abstinência, dificuldade de retirada). Muitas vezes são confundidos com antidepressivos por serem usados ao mesmo tempo que estes – principalmente no início do tratamento.
Ainda tem dúvidas? Entre em contato com macarriello@gmail.com
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